sábado, 26 de maio de 2012

Carta de suicídio ( Ou reflexão sobre a vida)

  Resolvi deixar a vida. Não foi por amor, nem pela falta dele, muito pelo contrário. Em muitos momentos apenas ele me dava forças pra viver. Resolvi deixar a vida porque antes ela me deixou.
  Perdi minha capacidade de falar, sim. Vi injustiças mais do que céus azuis e assim perdi, também, minha visão. Não deixei as pessoas que amo com palavras confortáveis, não as dei liberdades e tampouco as mostrei  os caminhos para os restos do meu coração, perdi a sensibilidade. Me tranquei em opiniões pré-formadas, em ideias não minhas, em dogmas mesquinhos, em falácias verdadeiras. Perdi minha audição.
  Fiquei muito tempo vagando na linha curta entre o que os outros pensam e o que os outros aceitam, me perdi. Eu percebi tudo isso, mas era tarde demais. Encontrei a verdade, mas ela não quis me ouvir. Aliás, verdade aqui é um termo vago e aleatório. Verdade é a contradição, a percepção, a consciência de que eu não poderia seguir vivendo sem meus sentidos, de que eu não podia seguir a massa. Tentei mudar e de certa forma consegui, mas isso não foi o suficiente.
  Como toda boa carta de suicídio, precisa-se de desculpas tolas e arrependimentos ensaiados. Peço desculpas a todas as criaturas que me amaram, devo ter feito um mísero furo de alfinete em seus corações, mas não liguem, pessoas muito melhores do que eu aparecerão em suas vidas. Peço perdão, em especial à criatura de minhas madrugadas, tantos delírios, tantas juras de amor... Pena o nosso amor ser impossível, prometo um dia voltar pra nos completarmos. Peço desculpa à minha querida mãe que agora se torna um ser platonicamente perfeito, já que estará para sempre imutável em memórias.
  Me arrependo abissalmente de não ter aproveitado a vida. De não ter me casado com meu Amoro, de não tê-lo traído com o Ian. De não ter me deliciado sem culpa do meu café, de não ter ido à Alemanha com a Ana, de não ter visto o Jesse McCartney(mesmo que eu o abomine) com a Jessy Cazuza, de não ter matado alguém, de não ter ido ao Rock in Rio, de... De milhões de coisas.
  Em suma, é apenas isso.
 Carol, Mãe, Pai, Inha, Dadi, Raul, Nego Lindo, Primos em geral, Ana³, PK, Peton, Jessie, Andiie, Amoro, Luíza, Aléxia, Itiane, Elen Rapariga... Todos que se encaixam na posição de amigos ou mais...
    Espero que não se importem de eu levar um  pedacinho de vocês comigo. Eu amo todos vocês, alguns mais, outros menos, mas ainda assim é amor. Até uma próxima vida... Ou o inferno.  ;)
                                                                                                                  Rayane Sousa de Amorim.

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