quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Letícia.

  "Eu te amo" ela disse. Definitivamente, tudo mudou. Foi irresponsável da parte dele não especificar tudo no começo. Ele não queria nada sério, talvez sexo. Faltou essa especificação, exatamente. "Letícia, é apenas sexo,ok? Não ouse se apaixonar por mim". Mas aqueles olhos... Aqueles malditos olhos! Sorriam por si só, enrubesciam sem precisar de bochechas! Aqueles olhos... Eles eram culpados por tudo, inclusive por sua aparente contradição. Já era, cara, acabou.
  Estavam deitados na grama, de mãos dadas, observando ranhuras de um Sábado ensolarado por entre as árvores. E Letícia era isso... Primavera. Era uma flor de lis, assim parecia quando dançava. Era uma nuvem chuvosa sapeca, era o sol. Aliás, aquele Sábado estava perfeito... Até ela proferir palavras tais. Havia reciprocidade, ele também a amava, de fato.
  Estática. Dez minutos de silêncio lancinante. Foi necessário apenas uma risada primaveril para quebrar o clima. Ela estava lá, sentada, na sua melhor pose de garota doce e inocente. Ele precisava falar alguma coisa, precisava responder aquelas malditas sete letras que agora infernizavam felizes seu juízo. Precisava? Sim,com toda certeza.
  Sentou-se. Olhou determinado aquele sorriso desconcertante. Fracasso. Respirou fundo todos aqueles cinco malditos meses de alegria pura e transcendental que aqueles olhos lhe haviam proporcionado. Fixou-a. Abriu a boca pra falar, decidido e... o ar lhe faltou. Apenas um encolher de ombros aconteceu, apenas.
  Era o bastante. Letícia bem sabia das leis da vida, claro. Continuou sorrindo, arrumou o vestido. Levantou-se e fitou a estranha figura que acabara de receber palavras que jamais seriam repetidas e... "Eu te amo". Ela havia fal(h)ado de novo, era isso. Não podia acreditar em si mesma, precisava sair, precisava fugir, de alguma forma. Fosse por isso, começou a correr. E naquele momento, naquele desesperado gesto de uma garota espetacular, ele soube a resposta.

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