quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Gabriela - Parte 11

Três anos depois...

Daniel passava por uma despedida de solteiro. Estava comemorando com os amigos seu noivado com Liliane. A música de fundo era suave e confortável, algo entre Led Zeppelin e Pink Floyd. Como era costume de todos os amigos, toda vez que alguém iniciava um noivado, a “vítima” pagava uma rodada de bebidas a todos e era obrigada a virar a quantidade de anos de namoro em garrafas de Rum, no caso de Daniel, cinco.
Em um minuto de distração, entre a segunda ou terceira garrafa, toda a atmosfera parou. Daniel, os amigos, as pessoas e até os objetos pareciam criar vida só para observar a recente novidade andando mortalmente até o barman debilmente hipnotizado. Morena, miscível, mortal. E como regra obrigatória de despedidas de solteiros, Daniel foi incentivado a cutucar a moça.
Meio cambaleante, tonto e abobalhado Daniel marchou de sua mesa até o balcão e sentou do lado da moça. Ela era linda, uma beleza natural, reforçada por uma maquiagem medianamente pesada, um corpo perfeito e uma natureza mortífera.
- Boa noite. – Daniel parecia um tanto abobalhado, de alguma forma a garota na sua frente lhe era familiar. – Como é seu nome?
- Sempre a mesma pergunta.– A garota esboçava um sorriso mortal – Que tal sermos um pouquinho menos previsíveis?
- Ah... Perdoe-me, madame, como posso conceder a ti este desejo?– a voz do garoto se mostrava um tanto arrastada, como alguém tentando imitar James Bond. – Pode me ensinar a ser “imprevisível”?
- Pergunte-me algo que você não possa deduzir, geralmente funciona.
- Ah... Qual seu nome? – disse o garoto num tom estranho, incapaz de pensar muito.
- OK, eu começo. Se o homem já pisou na lua, como eu ainda não tenho seu endereço? – disparou a garota com um sorriso.
- Nando, grande Nando. Não sabia que podia tirar de letras de músicas, madame. Ok, minha vez... Qual seu nome? – A insistência de Daniel estava irritando visivelmente a garota.
- É Gabriela, e não seja tão fútil assim, meu bem. Não consegue pensar em nada mais útil pra me perguntar?– o tom de decepção na voz de Gabriela era compreensível. Em todos os últimos três anos ela havia sido moldada para ser atrativa e fatal para aquilo? Daniel agora parecia tão inferior ao que ela merecia de fato por ter passado por tanta dificuldade que toda a áurea mágica nele existente há três anos atrás diminuiu drasticamente naquela noite.
- Calma, madame! Tá irritadinha por quê? – Daniel ria sarcasticamente – Mas agora eu já sei seu nome...
- Exato, é tudo o que precisa por agora. – disse a garota, se levantando abruptamente e saindo com a mesma postura com que entrara.
Gabriela entrou no carro que a esperava do lado de fora do bar.
- Tudo certinho, Master, podemos ir.

*

Nenhum comentário:

Postar um comentário